A UNIDADE
Axel
O que é
Deus? [*] Deus é tudo ou O Todo. Deus não é um corpo gigante, pois todo corpo
tem um limite e fora dele há outra coisa. Entretanto Deus é o Todo. Não existe
nada além Dele, que não seja Ele. Deus é luz e a luz
sempre está em movimento, se expandindo em todas as direções. Tudo que esta luz
abranger é Deus e é tudo que é possível conhecer. É sem sentido perguntar a que
velocidade Ele se expande e qual o limite alcançado até agora, pois tudo que
você pode conceber É Ele. Não há dualidade, não há ser e não ser. Só há
Unidade. Deus é Tudo e tudo que está Nele é Unidade.
Não há nada fora Dele, porque não há um fora, além ou depois Dele. Portanto Unidade
é o Todo, Unidade é Deus.
Deus é
um corpo sem limites, em movimento e mutação constante. Não faz sentido perguntar:
“Movimento para onde?” Ele simplesmente se move, vibra, eternamente. Esqueça os
conceitos de espaço e tempo.
[Deus é
uma palavra que passa a idéia de superior, de líder, de mandante. Pai, ou
melhor, Pai-Mãe dá idéia de criador amoroso, eternamente presente e velando por
nós. Melhor do que Pai-Mãe é a palavra em aramaico para falar do Criador,
do Inominável, que mostra duas metades iguais espelhadas formando um todo
inseparável, isto é, duas metades da dualidade se unindo para ser Unidade.]
Se Deus
é perfeito, tudo que está Nele só pode ser perfeito e tudo que está Nele (,pois Ele criou tudo e É
TUDO) tem a paz, o amor e o equilíbrio perfeito. No grande corpo do Pai
existem infinitos seres que foram criados por Ele, em essência perfeitos, mas
que podem ter uma visão apenas parcial da Verdade. Nem por isso deixam de
pertencer à Unidade.
Para entender isso melhor olhe para o seu
corpo e imagine que ele é o corpo de Deus. Você sabe que se ampliar com um
microscópio poderoso as partes do teu corpo, irá descobrir paisagens incríveis,
partes estranhas e seres das mais variadas formas, não é?
Tudo isso habita você. Mesmo assim você não se incomoda com isso e nem quer
mudar essa realidade. O que importa se glóbulos vermelhos e brancos, vírus,
bactérias e anticorpos se digladiam dentro de você. A vida continua e se você
quiser, um comando do seu cérebro pode acabar com esse conflito, mas você deixa
os próprios mecanismos do seu corpo resolveram a parada por si mesmo. Assim é
com o Pai também. Dentro do corpo do Pai, que é o Universo, existe o mundo dual
ou universo dual, que é regido pela dualidade ou polaridade (incluindo a
Terra). O Pai quis criar este mundo onde os espíritos, seus filhos,
continuassem a obra Dele, imitando seus passos, mas livres. No universo dual o
espírito não perde sua perfeição. Apenas é desafiado a evoluir para uma
intensidade de luz maior. Para experimentar sensações que o espírito não sente,
pois não sofre dor, fome, sede nem sono, criou-se o corpo físico e a alma para
evoluir através da limitação e sem a plena consciência.
O Pai
se formou a partir de uma única célula e se desenvolveu, cresceu,
se conscientizou e criou tudo. Ele se lucificou (=
virou luz). Tornou-se um corpo gigantesco. Tudo que existe dentro desse corpo
Ele conhece inteiramente. Eu e você somos filhos do Pai e herdamos tudo Dele.
Por isso não somos iguais a Ele, pois já viemos de um ser perfeito, autocriado, mas somos à imagem e semelhança Dele. É
importante lembrar que a criação foi e é uma ação de graça, sem dualidade e sem
reação. É ação contínua. Não há contrário para a criação do Pai. Foi um ato de
puro amor, sem objetivos, sem querer algo em troca.
Deus
não disse: “Faça-se a luz.” Ele, desde que se autocriou,
já É a própria luz, que se expande continuamente. A palavra
Universo é composto de uno e
(di)verso, isto é, a unidade agindo
na diversidade, uma só causa revelada em muitos efeitos. Unidade sem
diversidade é monotonia. Diversidade sem unidade é caos. Unidade com diversidade
é harmonia. O Universo, seja o de fora, no espaço sideral, ou o de dentro, no
corpo humano, simboliza harmonia. A harmonia é eqüidistante da monotonia e do
caos. O homem univérsico, completo
e lucificado possui a força interna (divina)
que se revela em atividade externa múltipla. A diversidade costuma se polarizar
em duas metades (entretanto não obrigatoriamente), mas a luz penetra tudo e não
tende para lado nenhum. Portanto, diversidade não quer dizer polaridade ou dualidade.
Seja Luz!
Se estamos mergulhados em um corpo
gigante, que é Deus, e o que está dentro Dele é Unidade, então eu estou em
contato com todos os meus irmãos (igualmente sem face e corpo definidos) e com
a mente (se é que podemos falar assim) do Pai. Por isso eu posso saber tudo que
todos os outros sabem, a qualquer momento, seja uma informação parcial ou
total. Posso, por isso, saber o que este meu corpo físico pensa sem participar
dele, como se fosse o meu Pai observando. Eu posso ser o Tudo ou a parte ou os
dois na hora que eu quiser. Isso é viver na Unidade, onde todas as
possibilidades existem. Eu posso tudo, você pode tudo e é tudo e assim por diante.
Entre o Pai e seus filhos não existe karma ou
hierarquia e nem entre os filhos. Não existe culpa, pecado, castigo ou condenação
entre irmãos, pois tudo é Deus, tudo é Unidade. Tudo é perfeição, em tudo só
existe amor.
Com
essa consciência não faz mais sentido algum eu olhar para os meus semelhantes e
me incomodar com os seus “aparentes” defeitos. Dentro da Unidade não há defeitos,
não há conceitos duais e nem julgamentos de valor. Sem dualidade não há
conflitos. A partir daí a simplicidade domina a sua vida. Tudo é fácil de compreender
e resolver. Quem vive na Unidade não se abala com a dualidade. Lembre-se:
pensar e buscar são fenômenos da dualidade. Nada real pode ser ameaçado. Nada
irreal existe. Nisso está a paz de Deus.
Como eu
posso me permitir vivenciar um corpo material sujeito à dualidade e mesmo assim
entender a Unidade? Após compreender isso eu só vou permanecer neste mundo com
a finalidade de ajudar os outros seres humanos a enxergar, sentir e viver essa
realidade. Eu posso assumir qualquer papel nesse corpo / mundo.
As
pessoas só têm problemas e conflitos porque se aborrecem com o seu próprio
corpo, com as outras pessoas e animais, o meio ambiente, as emoções e com o
desconhecido. Não entendendo o Todo, querem impor a
sua verdade aos outros e criar tudo à sua maneira. Isso só gera conflitos /
atritos, mas entrar em atrito com outra pessoa é brigar com uma
outra parte de mim mesmo, o que não faz sentido. Eu não quero prejudicar
a mim mesmo. Eu, de livre e espontânea vontade, não vou querer que o meu fígado
brigue com o meu rim, nem o coração com meu cérebro. Tudo faz parte do meu
corpo e antes da briga começar eu já decido que não faz sentido. Assim é com
todos na Unidade, quando têm consciência da Unidade. Modos de pensar e agir diferentes
não perturbam o Pai, pois Ele já conhece tudo e sabe
que isso faz parte do Todo e que a Unidade não será desfeita por isso.
Por outro
lado não faz sentido achar que ofendemos a Deus com nossos atos impensados ou
“pecados”. Para Deus não existe pecado, que é um conceito humano. Por isso não
tem como ofender Deus. Se eu ofendo Deus eu estou ofendendo a mim mesmo, se eu
fizer algo que eu não sinto que me ofende eu também
não estarei ofendendo a Deus. Deus e eu somos UM, portanto eu nunca farei algo
que ofende a mim mesmo. Conclusão: toda essa conversa de pecado e ofensa a Deus
é invenção de pessoas que têm um conceito errado de Deus, o conceito de um deus
castigador, e não deu um Pai que é todo amor.
O que
nós estamos fazendo durante todos os milênios de encarnações na dualidade é entravar
o fluxo de energia pura ou amor. Quando valorizamos demais o corpo físico, a
matéria, o meio ambiente captado apenas pelos cinco sentidos corpóreos, o
materialismo, o dinheiro, o prazer físico, a luxúria, o poder, assim como as emoções
negativas, o medo, a dor, as doenças, a morte, o tempo e usamos apenas a lógica
terrena, nós nos excluímos da Unidade e não conseguimos mais enxergar o Todo. É
como tirar-nos da sintonia com o Pai e ficar perdidos, sem rumo. Assemelha-se a
tirar uma rádio da estação e só ouvir chiados ou querer nadar contra a corrente
que só nos trás benefícios. A Unidade continua existindo e nós permanecemos
nela, mas nossos sentidos terrenos não a captam e a mente limitada e teimosa do
corpo físico insiste em negar o óbvio: a nossa origem. Só lentamente vamos
recuperando a consciência e deixamos o corpo entrar em sintonia cada vez mais
fina com a alma e o espírito e por fim, enxergar, sentir e viver plenamente a
Unidade.
Toda
ação típica da dualidade bloqueia o fluxo natural e com isso gera uma reação
prejudicial a nós mesmos.
Deus é
luz em movimento e Deus é Amor fluindo. Não existe estagnação ou inércia no Universo.
Portanto não entrave o fluxo de energia pura querendo impor a sua verdade, pois
ninguém aqui na Terra tem a visão completa que Deus possui. Não queira ser Deus
num corpo limitado, que não tem acesso a toda a Verdade. Liberte-se primeiro da
prisão temporária que é este corpo físico. É possível fazer isso sem morrer.
Nada é o que parece. Convença-se disso e não lute contra a corrente de harmonia
que te leva. Todo movimento contrário, físico ou mental, gera atrito e
desgaste. Você pode preservar sua individualidade (mas não sua personalidade)
na Unidade, mas estar em harmonia com o fluxo amoroso do Pai faz com que você
aceite o UM e use seu livre-arbítrio somente para procurar melhorar a harmonia
do Universo e aprender mais. O indivíduo, que é a sua identidade, continua a
existir integrado na Universalidade.
Como
podemos ter medo de perder alguém ou algo se nada nos pertence, mas ao mesmo
tempo tudo e todos nós, querendo ou não, fazemos parte de algo maior à qual
nunca deixaremos de pertencer, que é a Unidade?
Sentir-se
na Unidade e agir como o Pai resume-se numa postura simples, mas que deve fazer
parte da sua vida de forma permanente. Se o Pai está em mim e eu sou parte
Dele, então tudo que eu fizer será como se Ele fizesse, com a única diferença
de que eu ainda habito um corpo físico limitado, mas que não me impede de acessar
a Verdade e vivê-la como se fosse livre. Esta postura de Unidade faz com que eu
não veja mais o mundo pelos olhos da dualidade. Não existe um Deus ali no céu e
eu e o resto da humanidade aqui na Terra, dependendo do seu julgamento, de
aceitar ou condenar os meus atos, de temer se estou certo ou errado. Se eu
estou doente, com medo, ansioso, em dúvida, desanimado, etc. somente Eu sou o
responsável por ter permitido que essas doenças ou pensamentos entrassem no meu
corpo ou mente. Então ninguém pode ser incumbido de tirar isso de mim a não ser
eu mesmo. Se eu deixei entrar eu tenho que tirar. Posso até pedir ajuda ou usar
auxílio externo de remédios ou pessoas, mas 80% do problema só eu posso
resolver! Da mesma foram eu resolvo os problemas dos outros assumindo que tenho
capacidade de fazê-lo. Só não vou tentar resolver todos os problemas do mundo,
pois aí estaria tirando a parcela de esforço que cada um precisa fazer para
evoluir por si mesmo. Nem o Pai faz isso. Tudo que eu faço e decido é Deus
fazendo, mas com responsabilidade total. Nada mais depende dos outros, mas só
de mim. O que eu faço reflete no resto da humanidade. Estando na Unidade não é
mais possível ver o mundo com os olhos de um ser minúsculo, insignificante,
limitado, necessitado de ajuda de um deus poderoso, uma entidade maior (anjos,
arcanjos, seres celestiais, mestres ascensionados) e
sábios muito evoluídos para guiá-lo e que precisa de milênios para evoluir.
Você sozinho tem o mesmo poder e capacidade que qualquer outro deus ou anjo no
Universo. Isso não é prepotência ou egoísmo, pelo contrário. É assumir a sua
forma verdadeira, aquilo que seu espírito é: um filho de Deus ou extensão do
Pai. Ao fazer isso você deixa de olhar para as limitações do corpo físico e
usar isto como desculpa para não fazer, não agir, não
enfrenta e não amar de verdade. É preciso dar sem querer receber. Essa
forma de ver o mundo como Deus nos vê pode parecer difícil e só pode ser vivida
plenamente por alguém totalmente consciente da Verdade. Os outros são Deus
habitando corpos ainda inconscientes ou semi-conscientes.
O que fazer então? Criar coragem e se informar, se conscientizar que este é o
seu destino e de todos nós e começar a agir. Aumente gradativamente a sua
consciência e participação nesta jornada. Não perca mais nenhum minuto para
transformar a sua vida e por conseqüência de toda a humanidade. Lembre-se o que
Jesus disse: “Eu e o Pai somos um; o Pai está em mim e eu estou no Pai, mas o
Pai é maior do que eu.”
A
vontade de se doar, a vontade de ajudar, movida pela energia infinita que é o
amor, faz com que eu queira ajudar a abreviar a fase de conflitos dos meus
irmãos. Há infinitas maneiras de fazer isso e cada um de nós vai experimentar
cada uma delas com suas mais diversas possibilidades. Esse processo imita a
caminhada do Pai e nela não existe bem e mal, mas sim uma infinita jornada de
experiências a serem vividas, sempre em movimento. Deus é luz em movimento e
nós somos parte dessa luz. A vida do Pai é uma ação contínua e é uma ação de
graça, pois Ele faz tudo porque ama. O mundo do Pai é regido pela Lei do Amor,
do Trabalho e da Permissão. Ele permite que você faça tudo que quiser, pois não
há julgamento e muito menos condenação. Tudo que qualquer um dos filhos Dele
fizer está dentro da harmonia do Todo e nada irá mudar isso. Essa é a vontade
do Pai.
As
minhas ações serão conseqüência desta minha postura de compreensão dos fatos. Minha
calma, paciência, segurança, paz interior, solidariedade, compaixão, meu
equilíbrio e amor, meu respeito com os outros e a responsabilidade provêm da
Unidade e é nela que vou me sentir cada vez mais pleno e feliz. Não apenas
sinta a luz e o amor. Seja a Luz! Seja o Amor! Eis a sua essência.
* [Eu
não pergunto quem é Deus porque Ele não é uma pessoa. Deus é uma não-pessoa,
assim como cada um de nós. Se Deus é Tudo não há uma palavra que defina tudo.
Ele simplesmente É o Todo. Ele é o que É, tudo que
existe.]
COMO SAIR DA DUALIDADE E VIVER
NA UNIDADE
Quem busca e julga está na dualidade. Não busque ser Uno,
seja! Sinta que já É Uno!
Seu maior obstáculo ou inimigo é o diabo = opositor = seu
opositor interno = seu ego, lutando
contra seu Eu divino. O seu maior inimigo é você mesmo. Conhece-te a ti mesmo e te libertarás! Pare de lutar contra um
inimigo externo e enfrente o seu opositor invisível, mas interno. Se você
entender (não vencer) e ter o domínio do seu ego,
todos os outros obstáculos externos serão fáceis de superar.
O ego existe para preservar o corpo físico para que este
possa cumprir a sua missão na vida. Por isso o ego só está voltado aos
interesses materiais e a visão de mundo que ele possibilita ao homem é através
dos cinco sentidos. O problema começa quando a pessoa só dá atenção aos
sentidos físicos e esquece dos sentidos espirituais
(intuição, fé, amor, etc.). Quando muita gente age assim a sociedade se torna
materialista, valorizando somente a aparência externa, a tecnologia (que só
existe fora do corpo) e a conquista de bens e sucesso material. Desta forma
fica cada vez mais difícil convencer o povo de que a busca espiritual,
desligada de qualquer interesse material, desejo, apego e julgamento é o mais
certo a fazer. Conquistar algo que não dá satisfação imediata ao corpo não
parece ter atrativos para a sociedade atual. É preciso entender o motivo da
busca da Unidade em si. Só compreendendo que você faz parte do Todo e não precisa
de nada deste mundo ilusório da 3ª dimensão é que você pode libertar sua alma
do ciclo de reencarnações e viver a plenitude do espírito. O que ele vai levar
daqui é apenas a experiência prática adquirida nestes milhares de anos.
Trabalhe
sem desejar recompensa. A espiritualidade recomenda que o homem trabalhe intensamente,
em todos os tipos de trabalhos, e exige que não o faça por causa de nenhum tipo
de remuneração, compensação, fruto, resultado ou prêmio alheio ou posterior ao
trabalho, mas por causa do próprio trabalho, considerado como missão sagrada,
que lhe foi confiada aqui na Terra. Quem depende dos frutos do seu trabalho
depende de algo que não depende dele – e isto é uma terrível escravidão. Em
geral o fruto do seu trabalho depende, pelo menos em grande parte, do favor ou
desfavor das circunstâncias externas, da prosperidade ou adversidade da
natureza, da bondade ou maldade dos homens. Portanto se algo não depende do seu
querer ou não-querer, você é escravo das circunstâncias e está sempre às portas
da infelicidade. Sua felicidade não pode depender de algo externo, que não dependa
de você exclusivamente. Por isso para ser realmente feliz não trabalhe por
causa de algo que não está sob seu controle, mas sim por causa daquilo cujo
controle está inteiramente em seu poder – que é o próprio trabalho, realizado
com amor, alegria e entusiasmo, quer venham quer não venham frutos em forma de
dinheiro, louvores, gratidão, reconhecimento, admiração ou sucesso de qualquer
espécie. O nosso ego só deseja os frutos externos, mas o que interessa para o
seu Eu divino desinteressado e livre é o próprio trabalho feito com pureza de
intenções e amor, porque este leva à autorealização.
A única coisa que compete ao homem fazer aqui na Terra é realizar-se a si
mesmo, sua consciência espiritual – e Deus se encarregará de realizar a parte
material que se faz necessária. Seja ativo com desapego e plena liberdade. (Se
meu patrão não pagar o salário em dia não devo xingá-lo,
ficar de mau humor ou me desequilibrar. Devo continuar trabalhando com o mesmo
empenho e despreocupadamente, pois Deus vai fazer com que eu receba o meu
sustento de alguma forma. Vibrando negativamente eu estarei bloqueando o fluxo
de amor e, aí sim, vou adiar o recebimento do benefício). O apego aos frutos do
trabalho, esse resíduo venenoso que o ego mercenário implanta nas entranhas do
homem, é que o escravizam. Não é a atividade em si que gera negatividade, mas a
falsa atitude com que a atividade é realizada. O que nos liberta do ego interesseiro
é o Eu divino e desinteressado, que não quer saber de prêmio ou recompensa
objetiva, mas se realiza na missão de melhorar o mundo e a humanidade até esta
viver novamente na Unidade. Isto já é recompensa interna suficiente para renunciar
a todas as pseudo-recompensas externas.
Deus
não é previsível e nem segue regras absolutas e inalteráveis. Mesmo assim,
enquanto o Pai não resolve mudar as condições vigentes na Terra pode-se afirmar
o seguinte: Ninguém chega à Luz e à Verdade sem passar pelas trevas do inferno
pessoal. Só belas e sábias palavras não mudam significativamente ninguém (com
raras exceções). É preciso passar pela experiência prática e ninguém está
isento disso. Faz parte do aprendizado necessário e insubstituível.
Deus é
nossa fonte inspiradora e Jesus Cristo o nosso modelo na Terra. Então por que
nós não seguimos seus exemplos? O que o nosso Pai Maior faz quando seus filhos,
que somos nós, erramos de alguma forma? Ele nos avisa
por inspiração ou outros meios, mas nos deixa errar até aprendermos sozinhos.
Por que nós não agimos segundo este exemplo com nossos filhos? Nós devemos
aconselhar e advertir, mas não obrigá-los a nos obedecer ou fazer o que nós
achamos certo.
Estar consciente e agir na Unidade permite olhar
o mundo com outros olhos e agir sem ter limites físicos, financeiros ou de
qualquer outra natureza. Todos os seres humanos são irmãos com o mesmo potencial e mergulhados no mesmo oceano de unidade
inseparável. Portanto tudo que você faz se reflete no Todo e tudo que
alguém ou os outros fazem se reflete em você. Estamos todos interligados. O que
você faz se reflete no Todo. Se você quer curar alguém ou um grupo de pessoas à
distância ou conscientizar alguém basta agir sobre si mesmo, que o reflexo ocorrerá
lá ou em todas as direções. Eu sou parte do Todo e consequentemente
estou na Unidade. Então só preciso corrigir os
defeitos (meus ou dos outros) em mim, pois sou causa das falhas e posso
corrigi-las sozinho, desencadeando um processo por efeito dominó. Qualquer um
pode fazer isso sem a ajuda de mais ninguém. Seja Deus e assuma a
responsabilidade, sem medo, pois Deus não tem medo.
É
preciso entender algumas verdades que fazem parte desta existência terrena: a insatisfação
(sofrimento), a impermanência (tudo é
passageiro; nada é permanente, nem as coisas boas nem as más) e a ausência
de um “eu” independente ou personalidade. Ninguém tem uma personalidade definida
por anos a fio. Nós somos um agregado de corpo, sentimentos e sensações,
vontades, idéias e consciência em eterna mutação e queremos dar um nome a isto.
Na verdade eu não sou mais o mesmo daqui a um minuto. Por isso não devo me
apegar a este “eu” e defender um ponto de vista qualquer. Eu posso mudar as
minhas convicções daqui a pouco. Defender o suposto indivíduo que eu sou é
outra tendência do ego. Alma e personalidade são palavras que designam algo
transitório. Apegar-se a elas é viver na ilusão.
Admitindo
que viver na Terra é um sofrimento em sua maior parte e todos passam por ele,
buscamos então a causa do sofrimento. A causa é o desejo, fruto do egoísmo,
e que pode ser classificado em três tipos: apego (o desejo de possuir),
a aversão (o desejo de ficar longe de algo ou alguém) e a indiferença
(uma atitude de falso alheamento dos apegos e aversões). A boa notícia é que é
possível superar o sofrimento. Ninguém está condenado a sofrer eternamente. A
libertação do sofrimento é obtida através da cessação do desejo e da ausência
de paixões ou apegos de todo gênero, aceitando a vida como ela é, o bem e o mal, ou as duas metades (positivo e negativo,
Yin e Yang) do mundo dual. Mergulhando profundamente no seu Eu, dando um tempo
para si mesmo, no silêncio, você descobrirá quem você é,
como reage física e mentalmente a cada fator externo que te atinge e fazendo
uma análise neutra e rigorosa de suas atitudes, concluirá que nada neste mundo
lhe pertence e que suas necessidades são mínimas. Alcançando o equilíbrio
interno você é capaz de se abrir para o mundo real, o espiritual, que é eterno,
e buscar a comunhão, a comunicação constante e a integração com ele, pois você
veio dele e não só voltará a ele, como nunca deixou de pertencer a ele, mesmo
encarnado. Quando nenhuma ilusão ligada ao ego e aos cinco sentidos físicos
fizer mais efeito sobre você a Samsara ou ciclo de morte
e renascimento se acaba e você estará livre definitivamente. Este caminho está
aberto para qualquer um e fatalmente todos os espíritos alcançarão este
estágio, libertando a alma e o corpo físico das prisões que não existem, a não
ser na mente deles.
O fim
das reencarnações pode ocorrer ao fim de um ciclo completo de aprendizado ou
quando o Pai decidir. Esta pode ser a sua última encarnação e de toda a humanidade.
Entenda o seguinte: quando as pessoas morrem, tendo sido simples, amorosas e
solidárias ou orgulhosas, prepotentes, assassinas ou corruptas todas elas vão
para a Unidade do Pai e lá todas são iguais e perfeitas e Ele as aceita como
iguais. As diferenças só existem no plano físico tridimensional. Saindo daqui
não levamos débitos (karmas) e defeitos. Tudo que
fizemos neste plano ilusório foi apenas para adquirirmos experiências num mundo
dual em que há sensações e conflitos.
É um
erro querer vencer o desejo (apego ou aversão por algo ou alguém). É preciso
ignorá-lo. Só a vontade de querer vencê-lo já é um desejo, que induz ao sofrimento
e à reencarnação, mantendo você na dualidade.
Uma forma
de não sofrer é viver só o momento presente, esquecendo os problemas e falhas
do passado e sem temer o futuro.
Orai e vigiai. Controle suas tendências
egoístas. Pare de se ver como vítima da sociedade e do mundo injusto.
Pergunte-se por que você dá tanta importância para os fatores negativos externos
a ponto de magoá-lo, estressá-lo, desequilibrá-lo e tirar a sua felicidade.
Será que não é porque você quer enquadrar o mundo na sua verdade, que é
imperfeita? É você que se deixa perturbar por fatores externos que você não
pode mudar. Então não dê tanta importância a eles. A causa de ser infeliz é a
sua atitude perante a vida! Aceite o mundo e as pessoas como são e mude-se a si
mesmo primeiro. Não são os outros que estão errados, mas você por querer mudar
a todos, o que é quase impossível, em vez de compreendê-los. Em vez disso
busque a paz interior, trabalhe a favor do próximo, diretamente ou à distância,
e descubra que você pode ser útil e feliz sem depender dos outros e nem de
possuir algo. Você pode ser feliz em qualquer lugar e condição, pois é um
estado de espírito. Doando-se, emanando amor e luz, o retorno será de consciência
cada vez maior do seu papel no mundo, de felicidade verdadeira e
liberdade.
A
libertação total exige disciplina moral, concentração meditativa e busca da
sabedoria consciente. Você só é infeliz porque não vive em harmonia com a
natureza (nisto se inclui o meio ambiente, os seres vivos
–homens, animais, plantas e minerais – os astros e todo o universo, inclusive
mental e espiritual), porque não aprendeu a aceitar o mundo como ele é, com
todas as suas falhas e possibilidades de sofrimento. Você só pode ser feliz
quando compreender as causas da infelicidade e evitá-las. Com a eliminação da
dor e do sofrimento atinge-se a paz interior, que é sinônimo de felicidade
plena e duradoura. Ao meditar e contemplar a vida sem pensar, a intuição lhe
indicará o caminho da libertação. É preciso esquecer de
si mesmo para que cada célula do seu corpo viva a experiência do desapego. O primeiro passo para isso é acreditar que é possível, sem a
típica reação do ego, que diz: “É difícil, eu não consigo!” Quando uma pessoa
se liberta, desencadeia o efeito dominó que permite e facilita que todos façam
o mesmo. O exemplo de um incentiva os outros a tentar e conseguir. Hoje a
necessidade é que mais e mais pessoas tentem e dêem o exemplo. Você consegue
fazer aquilo que acredita que pode. Você é o que acredita ser. Então seja o
deus que está adormecido dentro de você e faça o que tem que ser feito. Todos
nós podemos ser e viver plenamente a Unidade agora, já!
Exercício 1: Para
vivenciar a Unidade devo primeiramente me convencer que sou capaz, pois já vivo
na Unidade. Eu decreto para mim que estou e me sentirei a partir de agora na
Unidade. Para me sentir na Unidade é preciso serenidade e paz de espírito. Eu
não desejo me sentir uno (desejo é apego e gera sofrimento). Eu já estou na Unidade,
então eu só deixo minha mente se sentir conscientemente nela. Para isso basta
eu permitir que meu espírito assuma o comando. Quando eu faço isso a Kundalini também se ativa. Posso me ver em plena luz ou me
mover entre espíritos, almas desencarnadas e encarnadas (vendo neles a luz
primordial, sem me importar com os defeitos manifestados pelo corpo físico).
Exercício 2:
imagine que você vai englobando as pessoas e objetos à sua volta, expandindo a
sua luz, sendo tudo uma coisa só. A pessoa que está lá distante e precisa
mudar, se curar ou despertar para a Verdade, pode fazer isso a partir de uma
atitude sua, que está conectado com ela através da Unidade. Ajude sem julgar.
Veja-se também em frente a uma outra pessoa em imagem
de teatro de sombras, de perfil. Aí vocês dois se dão a mão e neste instante os
dois corpos vão se tornando claros até embranquecer e sumir, isto é, ficar
igual ao cenário em volta.